Meu cão me arrasta durante o passeio: como mudar isso?
Passear com o seu cão deve, antes de tudo, ser uma atividade prazerosa para ambos. Os cães precisam sair um pouco do ambiente onde moram, pois, além de ser excelente para a saúde, no aspecto físico, é também fundamental na questão psicológica já que, ao passearem, eles se deparam com outros cheiros, e esse contato é ótimo para aliviar o estresse e garantir uma qualidade de vida muito melhor para o nosso amigo.
Porém, é preciso também ser prazeroso para os donos, pois os cães que puxam demais acabam tornando o passeio uma atividade nada agradável. Mas o pior é que para muitos tutores isso é verdade. Só de pensar em passear com o peludo, já sentem dor no braço, nas costas, a palma da mão queimando da guia, os puxões etc.
Haja condicionamento clássico nessa hora! Vou explicar o que é isso, pois vai ajudar a entender os problemas de passeio. De forma simples, condicionamento clássico acontece quando duas situações distintas, mas que acontecem ao mesmo tempo, acabam disparando uma reação automática do ser – pessoa ou animal –, um “reflexo condicionado”.
Então, o que podemos fazer para treinar o cão e tratar os problemas no passeio – e enfim, mudar esse condicionamento, de algo terrível para algo prazeroso?
Primeiro, não vamos treinar o cão quando ele já está totalmente fora de controle. Uma adestradora de que gosto muito diz a seguinte frase: “Não dá para gente ensinar álgebra em uma montanha-russa”. Ou seja, não dá para tentar ensinar nada para alguém durante uma situação tensa, estressante e estimulante. Precisamos começar do básico, do mais fácil para o mais difícil.
Comece em casa! Vamos começar diariamente, dentro de casa, mostrando para o cachorro como o passeio deve acontecer: de coleira e guia, posicione o cachorro do seu lado, onde a guia esteja frouxa (não tensione ou encurte a guia). Dê dois passinhos e, se o cachorro acompanhar com a guia frouxa, dê um petisco para recompensar. Comece na sala, vá até a cozinha e se ele continuar focado em você e no petisco, comece a ir para fora. Se ele ficar muito excitado, retroceda.
Esse passo vai ensinar para o cão duas coisas importantes: a posição que ele deve ficar durante o passeio e que não há motivos para ele ficar totalmente descontrolado cada vez que colocar a coleira, pois essa é uma situação totalmente calma e corriqueira.
Lembra-se do condicionamento clássico? Ele aparece nesse passo inicial do passeio, ou seja, na saída. O cão já está tão condicionado a sair maluco e puxando a guia no passeio, que só de vestir (ou olhar!) a coleira, já fica doidão e sai do controle. Por isso, essa etapa precisa ser feita com paciência, para começarmos a alterar o comportamento.
Feito isso, passamos agora para a rua – horário calmo, sem muitos estímulos. Faça o mesmo processo acima, só que agora vai ser mais complicado, pois na rua há mais distrações. Por isso, o ideal é treinar com o cão em um momento onde ele esteja com apetite e levando um petisco irresistível. Use o horário da refeição e a própria ração, por que não?
Já na rua, se o cão começar a puxar para chegar em algum lugar, use a frustração – simplesmente pare imediatamente de andar. Dica importante: cole a mão que segura a guia junto ao corpo, assim, quando parar de andar, o cachorro não vai ganhar nem um centímetro a mais do seu braço sendo esticado! Será ainda mais frustrante para ele realizar o puxão.
Aguarde o cão se tocar: “Pô, que saco! Por que ele parou?”. Quando o cão afrouxar a guia, olhando de volta para você, volte a andar. Se ele não se tocar, dê uma ajuda – bata na perna, chamando-o e o colocando de volta na posição certa, e aí continue o passeio. Outra dica boa é simplesmente virar para o lado oposto ao que o cão puxou. Teste e veja o que funciona com o seu cão, pois não tem “receita de bolo” que funcione igual para todos nessa hora.
Quando o cachorro estiver andando do seu lado com a guia frouxa, ELOGIE MUITO!! Fale com ele, dê o petisco e deixe que ele faça algo que goste muito – cheirar uma moita, marcar com xixi, cheirar outro cão, brincar com uma pessoa. É dessa forma que nos desvencilhamos do petisco como recompensa, usando reforços ambientais (em médio prazo, ok?).
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No começo, o “passeio” vai ser supercurto, pois será mais um treino do que lazer. Outras orientações muito importantes, que precisam ter em mente ao passear com um cão:
Use as ferramentas adequadas
Muitas vezes, o treino não dá tão certo por conta das ferramentas. Minha coleira favorita é a peitoral de treino: ela controla o cão sem enforcar ou apertar, facilitando a frustração quando o peludo puxa, pois a guia prende na frente. Outra que gosto muito é o cabresto, indicada para cães fortes, que além de puxar no passeio, são agressivos .
Coleiras de pescoço também podem ser boas, mas em cães que puxam muito podem machucar, costumo utilizar no caso de cães mais fracos, que cheiram o tempo todo, pois não é necessário usar muita frustração ou força. Enforcadores são polêmicos, eu prefiro evitá-los, pois as chances de machucar o cão são grandes, principalmente com pessoas inexperientes. As guias, sempre de material resistente, bem costuradas (não coladas!!), de 1m a 1,5m de comprimento.
Preste atenção no cachorro
Ninguém gosta de ser convidado para sair e no meio do passeio ser ignorado pelo amigo, certo?! Acontece o mesmo com o cão: chamamos o peludo para passear e, cinco minutos depois, estamos no celular, sem olhar para o cão. É claro que ele vai puxar a guia e decidir para onde ir, afinal, o companheiro de passeio é um tédio!
Passeio é um momento de conexão e diversão mútua, então, olhe para o cão, fale com ele, elogie quando ele estiver educado, leve-o para cheirar e fazer xixi sem que ele precise puxar. Muitas vezes, só isso já faz o passeio ser mil vezes melhor.
Seja persistente e criterioso
O cão puxou a guia para chegar no poste? O passeio para e ele não consegue chegar lá. O cão está educado, andando junto? Dê alguma recompensa! TODAS AS VEZES. Se formos variáveis, o cão não entenderá exatamente o que estamos ensinando.
Passeie todo dia
É muito difícil para o cachorro não ficar ansioso para sair se ele só passeia uma vez por semana! Então, uma das formas de acalmar o cão é criando a rotina de caminhadas diárias – e também porque assim temos condições de treinar um pouco todo dia e porque a atividade física diária é item obrigatório para o bem-estar canino.
Dá um bom trabalho, mas vale a pena! Com o treino, passear com o cão vai ficar tão prazeroso, sua relação com o peludo vai melhorar tanto, que você vai ficar tão feliz quanto o seu cachorro quando vir a coleira!
Para alguns tutores, passear com o cão chega a ser um sacrifício, principalmente, para aqueles que têm cães que puxam durante o passeio. Neste caso, a atividade se torna cansativa e a solução encontrada por algumas pessoas é deixar de passear com o cão. Essa escolha deixa o peludo mais ansioso e, quando ele voltar a passear, puxará ainda mais, já que aquela atividade já não faz parte da rotina.
O passeio pode e deve ser um momento agradável para todos. E, sim, é possível mudar esse comportamento independentemente da idade do seu cão. Hoje, o mercado pet tem uma variedade de coleiras que podem ajudar nesse treino, como mencionei acima. Induzir o cachorro utilizando um brinquedo ou um petisco, e fazer com que ele siga esse estímulo, também é uma opção para ele não puxar.
Sempre que o seu peludo estiver ao lado, fale a palavra “junto”, mas lembre de falar o comando só quando ele estiver andando corretamente. Muitas pessoas ficam falando “junto” quando o cão está lá na frente, mas eles não entendem e acham que estão agindo da forma correta.
Utilizando essas técnicas e acessórios, é possível ter um passeio agradável com o seu amigão. Se você tiver dificuldade ou dúvida, não hesite em procurar o auxílio de um profissional, e não deixe de oferecer essa importante atividade ao seu cachorro.
Fonte: www.petz.com.br
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